Toquinho e Vinicius de Moraes
Eu caio de bossa eu sou quem eu sou
Eu saio da fossa xingando em nagô
Você que ouve e não fala / Você que olha e não vê
Eu vou lhe dar uma pala / Você vai ter que aprender
A tonga da mironga do cabuletê
A tonga da mironga do cabuletê
A tonga da mironga do cabuletê
Você que lê e não sabe / Você que reza e não crê
Você que entra e não cabe / Você vai ter que viver
Na tonga da mironga do cabuletê
Na tonga da mironga do cabuletê
Na tonga da mironga do cabuletê
Você que fuma e não traga / E que não paga pra ver
Vou lhe rogar uma praga / Eu vou é mandar você
Pra tonga da mironga do cabuletê
Pra tonga da mironga do cabuletê
Pra tonga da mironga do cabuletê
1970.
Vinícius e Toquinho voltam da Itália onde haviam acabado de inaugurar a parceria com o disco “A Arca de Noé”, fruto de um velho livro que o poetinha fizera para seu filho Pedro, quando este ainda era menino.
Encontram o Brasil em pleno “milagre econômico”. A censura em alta, a Bossa em baixa. Opositores ao regime pagando com a liberdade e a vida o preço de seus ideais. O poeta é visto como comunista pela cegueira militar e ultrapassado pela intelectualidade militante, que pejorativa e injustamente classifica sua música de easy music.
No teatro Castro Alves, em Salvador, é apresentada ao Brasil a nova parceria.
Vinícius está casado com a atriz baiana Gesse Gessy, uma das maiores paixões de sua vida, que o aproximaria do candomblé, apresentando-o à Mãe Menininha do Gantois. Sentindo a angústia do companheiro, Gesse o diverte, ensinando-lhe xingamentos em Nagô, entre eles “tonga da mironga do cabuletê”, que significa “o pêlo do cu da mãe”.
O mote anal e seu sentimento em relação aos homens de verde oliva inspiram o poeta. Com Toquinho, Vinícius compõe a canção para apresentá-la no Teatro Castro Alves.
Era a oportunidade de xingar os militares sem que eles compreendessem a ofensa.
E o poeta ainda se divertia com tudo isso: “Te garanto que na Escola Superior de Guerra não tem um milico que saiba falar nagô”.
Fonte: Vinicius de Moraes: o Poeta da Paixão; uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
Eu caio de bossa eu sou quem eu sou
Eu saio da fossa xingando em nagô
Você que ouve e não fala / Você que olha e não vê
Eu vou lhe dar uma pala / Você vai ter que aprender
A tonga da mironga do cabuletê
A tonga da mironga do cabuletê
A tonga da mironga do cabuletê
Você que lê e não sabe / Você que reza e não crê
Você que entra e não cabe / Você vai ter que viver
Na tonga da mironga do cabuletê
Na tonga da mironga do cabuletê
Na tonga da mironga do cabuletê
Você que fuma e não traga / E que não paga pra ver
Vou lhe rogar uma praga / Eu vou é mandar você
Pra tonga da mironga do cabuletê
Pra tonga da mironga do cabuletê
Pra tonga da mironga do cabuletê
1970.
Vinícius e Toquinho voltam da Itália onde haviam acabado de inaugurar a parceria com o disco “A Arca de Noé”, fruto de um velho livro que o poetinha fizera para seu filho Pedro, quando este ainda era menino.
Encontram o Brasil em pleno “milagre econômico”. A censura em alta, a Bossa em baixa. Opositores ao regime pagando com a liberdade e a vida o preço de seus ideais. O poeta é visto como comunista pela cegueira militar e ultrapassado pela intelectualidade militante, que pejorativa e injustamente classifica sua música de easy music.
No teatro Castro Alves, em Salvador, é apresentada ao Brasil a nova parceria.
Vinícius está casado com a atriz baiana Gesse Gessy, uma das maiores paixões de sua vida, que o aproximaria do candomblé, apresentando-o à Mãe Menininha do Gantois. Sentindo a angústia do companheiro, Gesse o diverte, ensinando-lhe xingamentos em Nagô, entre eles “tonga da mironga do cabuletê”, que significa “o pêlo do cu da mãe”.
O mote anal e seu sentimento em relação aos homens de verde oliva inspiram o poeta. Com Toquinho, Vinícius compõe a canção para apresentá-la no Teatro Castro Alves.
Era a oportunidade de xingar os militares sem que eles compreendessem a ofensa.
E o poeta ainda se divertia com tudo isso: “Te garanto que na Escola Superior de Guerra não tem um milico que saiba falar nagô”.
Fonte: Vinicius de Moraes: o Poeta da Paixão; uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
40 comentários:
Olá Luiz, acabo de fazer minha primeira incursão no teu blog. Uma perguntinha: Posso usar os teus textos nas minha aulas? Tenho trabalhado muito o ensino de História a partir da música popular brasileira. Outra coisa, acho que seria importante citar as fontes das informações dadas no texto.
Lowis, Achei simplesmente FANTÁSTICO teu blog. Parabéns! Vou ficar assídua...Se eu tiver alguma historinha peculiar te mando. Ah! Vou pedir pro meu pai dar uma olhadinha também com certeza ele poderá não só colaborar como curtir esta maravilha. Muitos Bjs. Sucesso. saudades... Iza
PS: Não sei se vc sabe, Tô de "nenê". Eh muito bom....
Na medida do possível, citarei as fontes, já que várias informações foram colhidas ao longo dos anos e não teria, agora, condições de citá-las com precisão.
No caso de "Fiz por você o que pude", por exemplo, ouvi esta história num programa de TV há algum tempo. Onde? Produzido por quem? Não faço a menor idéia.
Se alguém se habilitar a me ajudar, será bem vindo.
Boa noite,tomei 06 cervejas peguei um pilequinho legal,ouvi em seguida 10 vezes a tonga da mironga do cabulete,não sabia o significado.descobri agora no seu blog,show de bola,o poetinha estava com a razão,tem dias que dá vontade de mandar todo mundo tomar no cú,os políticos desonestos,os safados,tudo que não presta.A vida é pra valer já dizia o poeta,vamos tocar em frente e viver a vida de verdade sem atrapalhar o outro,tchau.
Bom demais! Você vai ter que viver na Tonga da Mironga do Cabuletê! hahahaha!
Pra Sempre Vinícius!
Adorei seu blog, parabéns!! E me diverti muito com o significado de "tonga da mironga do cabuletê".
Descobri seu blog ontem no final da tarde, justamente procurando o significado deste palavrão...rs...e o interessante, é que de manhã, levando minha filha para escola, ela me pediu um palpite para tema de uma redação que ela teria de entregar, falando sobre músicas....e eu disse: coloque como tema "Quando a música fala"....e como fala!!!!
Abçs
Passei a minha infancia ouvindo os meus pais rindo quando essa música tocava (final dos anos 1970)... Agora já sei o porquê!
Gostei de sua proposta de blog.
Procurava por "tonga da mironga..."
Encontrei aqui.
Parabéns e continue!
Junto-me aqui a quantos valorizam as boas idéias. Esta sua é excelente.
Fiquei surpresa! Gostei ainda mais da música! Boa iniciativa a deste blog... interesantíssimo!!
Olá,
uma pequena contribuição. Essa informação também pode ser achada no livro:
Vinicius de Moraes: o Poeta da Paixão; uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
Parabéns pelo blog,
Helena
Muito maneiro!!
Morri de rir sozinho.
Estava eu procurando essa música para baixar e encontri seu blog, achei muito interessante, vou divulgar.
Detalhe, Vinicius era f..., demais!!
hahahahaha
J.B.F.Jr.
No wikpédia tem as traduções das palavras Tonga, mironga e kabuleté...E nenhuma tem conotação depravada...Verifiquem: http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Tonga_da_Mironga_do_Kabulet%C3%AA
Obrigado, Nana, por sua observação.
Eis o que diz o Wikipedia:
"De acordo com o Novo Dicionário Banto do Brasil, de Nei Lopes, estas palavras significam o seguinte: (1) tonga (do Quicongo), "força, poder"; (2) mironga (do Quimbundo), "mistério, segredo" (Houaiss acrescenta: "feitiço"); (3) cabuletê (de origem incerta), "indivíduo desprezível, vagabundo" (também empregado para designar um pequeno tambor que vai preso em um cabo, usado na percussão brasileira).
"Tonga", segundo o Dicionário Aurélio, pode ser uma palavra angolana para "terra a ser lavrada" ou "lavoura". É, ainda samtomensismo depreciativo, a designar descendentes de lusos, ou de serviçais, nascidos nas ilhas.
"Mironga" é, em candomblé e na macumba, "feitiço, sortilégio, bruxedo".
"Cabuleté", no mesmo léxico, é "indivíduo reles, desprezível, vagabundo".
Portanto, junatando tudo, teríamos algo como "a terra do macumbeiro vagabundo".
Minha fonte, citada abaixo do texto, é o livro do José Castelo, biógrafo do Vinícius. Segundo ele, o termo seria dito em Yorubá, dialeto africano diferente dos citados pelo Nei Lopes e demais fontes do Wikipedia.
Aqui é assim, vendo o peixe pelo preço que compro. Quem tiver mais informações, o espaço está aberto. Obrigado.
O máximo!Sua pesquisa foi legal porque traz a fonte do próprio autor!
kkkkkkkkkk
estressei? Mandei: vai pra tonga da mironga do cabuletê kkkkk
Luiz, vou pelo Vinicius , se ele quis desabafar usando os cus das mães dos milicos então tá.
Luís, na segunda linha da música, Vinícios diz: "xingando em nagô", portanto não é Yourubá, e sim nagô. Isso me lembra Nostradamus e suas interpretações. As previsões do vidente são sempre "desenhadas" para caberem nas suas verdades e aí fica fácil advinhar. Ora, se Vinícios quiz dizer isso, e seu biógrafo confirma, que seja. Entretanto, lexicamente, não é isso que está dito na frase. A não ser que eles tenham inventado um idioma próprio.
Antonio Campos, Obrigado por seu comentário.
Segundo breve pesquisa que fiz no wikipidia, o pai dos burros virtuais, "no continente americano, o iorubá também é falado, sobretudo em ritos religiosos, como os ritos afro-brasileiros, onde é chamado de nagô". Portanto, xingar em nagô, ou yorubá dava ne mesma. O importanto era xingar rimando com "eu sou quem eu sou".
Olá, sou professora, meu nome é Rozelia. Nunca tinha prestado muita atenção a essa música do Vinicius até um dia em que um colega também professor me contou uma historinha engraçada. Ele disse que tava no Rio ciceroniando uns americanos e alguém tocou essa música, então o gringo quis saber o que era 'a tonga da mironga do cabuletê'.Ele ficou aperreado e não soube explicar e disse que era pra mandar alguém 'fuck' em algum dialeto africano. E não é que ele sem querer, já que não sabia, acertou. Ela está em evidência novamente, pois é tema da novela das 8 global. Valeu!
A tonga da mironga é mesmo um mistério... Tem muita bobagem tendenciosa mas acho que a sua interpretação está correta. No DVD do Toquinho que comemora seu aniversário de carreira ele diz q não dá pra falar o que significa pq é muito pesado mas disse q tem mãe pelo meio.
PS: Adorei seu site
Bem, li no blog pergunte para o doutor, que Vinicius optou pela frase por sua sonoridade e nao se prendeu a um significado. Concordo com sua explicacao, mas acredito q seja valido o comentario. Contudo, parabens pelo blog.
Parece aquela história do fulano que falou que ouviu do cicrano, pois um vizinho da prima do cunhado contou.
Nem eles sabiam o que estavam cantando, quanto mais os "chutadores" de plantão.
Tá que nem a história da proclamação da independência, em que a subida da serra de Santos pelo D.Pedro teria sido feita em cima de um cavalo.
Hehe.
Mas a intenção é boa.
Fica pelo "folclore" da situação.
Sem "chutômetros", temos uma explanação feita pelo Prof. Doutor Claudio Moreno (UFRGS).
http://198.106.73.59/01/01_tonga.htm
[]'s.
Luís Nader você é mesmo fantástico. Vou consultar mais vezes o seu blog. Vinícius foi pra mim um gênio e você conseguiu recuperar a sua ironia e seu talento por trás das letras. Beijão
Aqui e muitas outras composições não xingam só a ditadura, xingam os ouvintes tb...
Li uma entrevista da Gesse na Revista Muito do Jornal A Tarde. Interrogada sobre o xingamento ela disse que era um segredo dela e de Vinícius e não revelou de que se tratava. Mas acredito que seja algo irreverente tal como foi sucitado acima
Eu adorei saber o significado...
Vc diz que xingar em nagô ou yorubá é a mesma coisa, porém fora o fato que nas duas frases Vinicius estaria xingando, elas não tem muito a ver uma com a outra, no fim das contas... Oo'
Para dois idiomas tão iguais, acho que sua conclusão não faz muito sentido e se vc afirma que a língua é sobretudo falada em ritos religiosos "a terra do macumbeiro vagabundo" se encaixaria bem melhor. Até mesmo pq, na Wikipédia como está aí envolve palavras como feitiço, bruxo e por aí vai...
Se formos olhar pelo outro lado "o pelo do cu da sua mãe" se distancia da idéia", talvez até seja um xingamento mais engraçado, maaas, tá mais pro outro. Sem contar que não faz muito sentido vc mandar alguém para um "pelo".
Muito bom. Estou citando o teu blog para falar sobre o Kabuletê turco, da Novela Salve Jorge, com o cabuletê do nagô dessa música do Vinícius e do Toquinho. Se quires dar uma olhada, o endereço é w.vidacuriosa.blogspot.com.br. Abrs
Puxa...
Não conhecia seu blog e o achei MUITO interessante...
Saber detalhes de músicas que tocavam durante a nossa a adolescência e que nem sabíamos o "pano de fundo" delas as deixa muito mais divertidas agora...
Obrigado pelo excelente trabalho...
Nos 100 anos de nascimento de Vinicius de Moraes fiquei sabendo que a frase "na tonga da mironga do cabuletê" era um xingamento contra os militares nos anos 70. Mas do que adianta um xingamento que o xingado não entende? Palavras só surtem efeito se forem compreendidas. O poetinha era meio frouxo?
Cara! Esta interpretação da música é um delírio. Não sei o que o poetinha quiz dizer mas ficar chutando coisas é um barato. Se ele estava xingando, estava xingando o seu público e eu não creio nisto!
Seja lá o que signifique, o fato é que semanticamente o falante pode utilizar a língua como bem lhe aprouver. Será que a polêmica esteja apenas no significado puro ou talvez uma angústia que vem lá da rebimboca da parafuseta.
http://www.youtube.com/watch?v=C7g9D5VApxE
VÍDEO DA MÚSICA CANTADA PELA DUPLA E NO INÍCIO RESPONDE O QUE ELES PENSAVAM E/OU SABIAM...
Sensacional! Sempre achei que fosse algo mas não tão inteligente. E pegou! Até hoje a galera canta e manda alguém ir sem saber o que é.
Profeta seu Blog é massa.
Resolvi prestar uma homenagem a Seleção após a derrota de 7x1 para a Alemanha. e essa música serviu de cano de descarga.
abraços seu Blog ou melhor nosso Blog é muito bom.
Gostei muito desta informação, estava procurando a tradução. Esta expressão serve para os dias atuais, onde grande parte da população ouve mas não fala, olha e finje que não vê, lê e finje que não sabe, reza apenas de h, entra e não cabe ou seja inconveniente e inoportuno, fuma e não traga para esnobar,não paga pra ver não se arrisca. Vou começar a mandar esse tipo de pessoa pra tonga da mironga do kabuletê. Que não pega processo judicial.
Interessante seu trabalho em sala de aula.
Por acaso já trabalhou em cima da obra-prima "Canto das Três Raças", gravada há 40 anos pela grande Clara Nunes?
Sempre gostei dessa música mais nunca sabia o significado
Adorei o blog. Mas fiquei triste com o significado de Tonga na mironga... É machista demais!
Letra pobre e cheia de chingamentos.
Seria mais uma vergonha para o Brasil do que orgulho.
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